Eu abro a porta da frente, mas não sei se saio ou não. O mundo já é muito incerto aqui dentro, sabe-se lá como é lá fora, cheio de rostos estranhos, ruas desconhecidas e muitas vezes sem saída, cantos escuros, enfim, eu tenho medo.
Tranco a porta de novo na esperança de que o medo passe e eu apenas sinta o que me afligia antes e nada mais. Eu preciso das minhas confusões de costume, de nenhuma outra além delas.
Fecho então as janelas, esqueço da pouca luz que entrava. Esqueço de tudo. Não quero mais ouvir vozes, ruídos ou qualquer coisa que me faça perceber que eu não sou a única pessoa que existe. Me ocupo apenas com as minhas próprias questões e dúvidas, que me fazem parar e tentar entender alguma coisa. Talvez até me façam tentar entender quem eu realmente sou e que rumo eu devo tomar.
Mas eu sei que logo eu vou querer abrir a porta e as janelas de novo. Quem sabe eu não tomo coragem e saio...
Até...
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