sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Naquela tal noite




Eram nove e meia da noite e ela ainda estava no quarto se arrumando. Perguntei sarcasticamente pela segunda vez se ela ainda estava viva e ela respondeu "Caaaalma amor! Você tá muito estressada! Só tô terminando de me maquiar...". Vinte minutos depois e apareceu na sala, linda, com seu vestido florido mais simples (um que ela comprou quando fomos à uma feirinha lá por Laranjeiras), o cabelo meio preso, a bolsa que mais gostava de usar e com o rosto quase sem maquiagem. Eu só consiguia pensar "uma hora e meia pra tanta simplicidade?!" e brinquei com ela "pensei que estivesse se vestindo prum Oscar!". Ela fingiu uma cara emburrada, mas logo sorriu.

Seguimos nosso destino em direção à Lapa. Marcamos com uns amigos de beber em um barzinho e depois, quem sabe, sair para dançar (isso caso ninguém passasse mal de tanto beber). Encontramos mais dois casais de amigos e fomos nos divertir do jeito que havíamos feito milhares de vezes. Mas hoje ela estava diferente. Simples demais, linda demais. Carregava em si um brilho que eu há muito não via.

Bebemos durante bastante tempo e partimos pra alguma festa ou boate, qualquer lugar onde houvesse música boa pra se dançar. Ela não deu opinião enquanto a gente tentava decidir o nosso próximo destino, e ela apenas concordava com o que eu dizia, enquanto me olhava atenciosamente. Decidimos e seguimos rumo ao lugar decidido e ela segurou minha mão, como uma criança que não quer se perder da mãe. Olhei para seu rosto e vi um leve ar de sorriso. Continuei sem entender muito bem, não havia nada de diferente ou especial naquela noite. Era um programa que costumávamos fazer com nossos amigos desde os tempos de início de faculdade.

Chegamos e enquanto dançávamos, ela era a mais bonita. Não digo isso por ser minha namorada e que por consequência eu deveria achar a mais bonita, mas porque ela estava com uma beleza quase assustadora naquela noite. E apesar de tamanha beleza chamar a atenção alheia, não senti ciúmes. Ela olhava apenas pra mim. Dançava, sorria, me olhava, me beijava e voltava a dançar. E assim foi a noite inteira. Ela, encantando a todos e eu, encantada, sem conseguir olhar pra nada além dela.

No caminho para casa, encostou sua cabeça no meu ombro e mais uma vez sorriu. Parecia realmente uma criança. Segurava minha mão e fazia carinho nela com o dedo polegar. Simples, mas naquele momento, era o melhor carinho do mundo. Não trocamos uma palavra sequer no trajeto. Falei mais com o taxista do que com a minha própria namorada.

Chegamos em casa e ela foi se ajeitar pra dormir, e eu, beber um copo d'água. Logo me arrumei também e deitei, ao seu lado na cama. Foi então que a curiosidade, maior que eu, perguntou "O que havia com você essa noite? Você estava diferente...", e ela, abrindo um sorriso maior que os que havia aberto durante toda a noite, mas agora com uma ar de inocência e um toque de timidez, me disse "é que hoje enquanto me arrumava, eu percebi uma coisa. Coisa que eu já tinha percebido outras vezes, que já tinha me feito sorrir outras vezes, mas a cada ano, mês, dia ou hora ao seu lado se torna mais significativa.". Questionei o que seria e ela, com um olhar doce, me respondeu "É que...eu te amo..."

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

De joelhos


Enquanto aguardava uma resposta, várias possibilidade passavam pela sua cabeça. "Será que eu sou o cara certo?", "Será que eu não tô sendo um tanto precipitado?", "POR QUE TANTA DEMORA?".

Passados alguns minutos de um silêncio assustador, seu medo e insegurança começaram a apresentar voz em seus pensamentos, fazendo parecer que tudo aquilo era um grande erro. Não que ele se arrependesse do que acabara de fazer, mas o medo de quebrar a cara era enorme.
Começou, então, a passar um filme em sua cabeça. Uma espécie de revisão da sua vida a partir de um certo momento. Reviu o primeiro encontro, o primeiro charme trocado, as pequenas indiretas. O primeiro beijo, aquele do qual tem uma imensa saudade, mesmo sabendo que houveram muitos outros, muito melhores depois. A primeira noite juntos, a primeira discussão de leve, e a séria também. As primeiras pazes, e o prazer de fazer as pazes. Aquela crise de ciúme besta e exagerada, só porque ela descobriu que o nome e o número daquela menina na sua lista de telefone é de alguém com quem ele teve um romance há uns poucos anos atrás. As primeiras diferenças de gosto: ele gostava de um filme que ela achava violento demais, ela gostava de uma cantora da qual ele detestava o timbre da voz. Mas, na verdade, nada disso havia dado ,aos dois, motivos para achar que aqueles 4 anos e alguns meses tivessem sido um erro.

Quando percebeu isso, começou a permitir que o desespero se instalasse. Suas mãos suavam e só passava uma resposta para seus atuais questionamentos: "Ela não gosta de mim! Só está comigo por falta de opção melhor!".
Quando deu por si, já estava abaixando a cabeça e se preparando para ficar de pé de novo, pela possível decepção, e por sentir seus joelhos doerem.

Foi quando sentiu a mão gelada dela tocar e levantar seu queixo de novo. Olharam-se nos olhos e ela, abrindo um sorriso regado às lágrimas que rolavam por seu rosto, disse "SIM!". Uma simples palavra, seguida de um beijo cheio de amor e felicidade, e logo tudo estava em paz de novo. O alívio tomou conta de sua cabeça quando percebeu que todas aquelas dúvidas e a negatividade começavam a dissolver e desaparecer. E agora ele sabia, tinha certeza de que tudo o que os dois viveram até aquele exato momento, tinha, sim, valido a pena.

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