domingo, 25 de novembro de 2012

Primeiros erros...

Havia tempo ainda. Tempo esse que, apesar de passar e se perder, ainda estava sob seu comando.
Ela começava a pensar se tudo aquilo era certo, se realmente valia a pena. Se tudo o que estava deixando acontecer mudaria algo do passado, ou se algo de dentro de sua alma.
Tinha começado a deixar a vida agir, estava se soltando, se permitindo muito mais. por vezes, pensava que tudo era erro, mas percebia que necessitava desses erros. Precisava descobrir suas falhas de caráter, seus vícios, suas fraquezas. Não havia entrado em contato com tais coisas. Agora, no entanto, não sabia se queria ou não, mas estava de cara com elas.
Estava se divertindo, mas andava sempre na companhia da dúvida. "Será que vai dar certo?", "Será que eu vou me ferrar?", "Que que eu tô fazendo?". Chegava a ter atitudes que antes condenava, e isso ocorria conscientemente. Havia "ligado o foda-se". Não sabia no que iria dar, mas sabia que já estava no embalo e que não dava mais pra voltar atrás, nem ao menos um pouco. Não poderia tentar frear o que estava acontecendo. Já haviam várias pessoas envolvidas. Muitos sentimentos, ou melhor, sensações nessa bagunça toda.
Agora, acumulava histórias das quais não se orgulhava. Histórias que não virariam assunto nas rodinhas de amigos. Mas histórias que traziam para sua consciência a sensação de que podia muito mais, de que era muito maior e melhor do que sempre acreditara.
Sua vida, atualmente, era um misto de tantos acontecimentos, sentimentos, sensações e pessoas, que até perdia a conta e já não tinha mais conhecimento ou controle de nada.
Deu a mão a um ponto de interrogação e seguiu...



Até...


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Em Queda...

Pois é, acabou.
O chão abriu debaixo de seus pés e estava caindo desde então. Não sabia onde iria chegar, mas sabia que estou longe dela e isso a desesperava.
Sentia que só não caía em maior velocidade por causa das borboletas que ainda estavam em seu estômago e que, de lá, tentam alçar voo.
O que permitia o seu sorriso, era a certeza de que em momento algum havia errado. Foi idiota sim, e continuaria sendo, porque gostar de alguém a tirava um pouco do rumo.
Ainda estava fora do rumo. Estava caindo.
Mas tinha certeza de que um dia subiria desse precipício de novo e a encontraria.
Não estava caindo em vão.
Estava caindo pra voltar, e quando voltasse, era pra lutar.
Meio clichê, né?!
Sabia que não podia desistir.
Sabia que não podia desistir da única história que valia a pena realmente.
Não desistiria de faze-la feliz.
Não mesmo!
Até o universo conspira a favor delas! E elas sabiam disso!
A música, a insônia...
Então ficava assim:
Ela organizaria sua vida enquanto a outra cresceria, e um dia, se encontrariam. Um dia sorriria,  ao lado da mulher que amava e, melhor ainda, a faria sorrir.
Essa era a vida que queria. Desde aquele primeiro olhar.
É por essa vida que chorava nesse momento de queda.
Mesmo que precipitada, ela não pararia de lutar pela vida que sonhava, ao lado da pessoa que sonhava.
Não pararia de lutar pela pessoa que mais quis na minha vida.
Pela pessoa que mais perto chegou do que acreditava ser o amor...

Até...



segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Aquela velha roupa

 

Enquanto me olhava no espelho, percebi o quanto o tempo havia passado e o quando eu havia mudado. Estava vestindo de novo a minha velha roupa de sentir. Essa que, por sua vez, já não era mais a mesma. E junto a ela, eu vesti coisas, acessórios, que você me trouxe de presente.
Eu me vesti dos nossos planos. Me vesti e coloquei a foto dos nossos filhos no bolso. E calcei os seus sapatos pra trilhar meus caminhos da maneira com que você trilharia.
Eu me cobri de sonhos. Dos meus e dos teus, e acreditei neles. Aprendi a tentar usar os seus olhos pra ver o mundo, e até comecei a entender e achar graça da sua rebeldia.
E eu vesti desejo, porque sem isso, nada faria o menor sentido.
Minha velha roupa, rasgada, gasta e desbotada, eu refiz. Costurei com um fio que não quebra. Não preciso falar do que é feito esse fio, porque todas as canções que a gente citava e cantava uma pra outra, referiam-se a isso. Agora ela está nova e me cai perfeitamente. Nem parece que estava há tanto tempo jogada no fundo do meu guarda-roupa.
E agora eu estou aqui, vestida, segurando nossos planos numa mão, e com a outra, dentro do bolso, seguro a foto dos nossos filhos.
Tô vestida à caráter, pro nosso casamento, pro qual pedi sua mão tantas vezes.
Tô vestida sim, e espero. Espero o momento em que você decida se vestir com roupa semelhante.



[texto inspirado pela canção "Eu te amo" do Chico Buarque]

Até.