segunda-feira, 2 de abril de 2012

Daniel

Podia sorrir agora. Parecia ter a coragem que sempre lhe faltara. A coragem de sair, se mostrar e dizer para todos que não iria mudar.
Havia passado anos escondido por causa do medo da opinião dos outros. Medo do que os outros pensariam.
Eu conheci o Daniel quando éramos muito novos. Apenas eu o conhecia realmente, mas nunca convivemos muito bem.
Queria mandar em mim! Me dizendo o que era certo ou errado, e eu, sem entender, o isolei.
Passei anos mantendo o mínimo de contato possível. Não nos falávamos e eu ficava emburrada quando ouvia sobre ele.
Sei que ele tentou me procurar algumas vezes, mas eu estava irredutível.
Talvez por causa da adolescência, e por não fazer ideia de o quanto ele era necessário, eu não permitia que ele voltasse à minha vida.
O que eu não percebi foi a infelicidade se aproximando e a e a dor da ausência fazendo a necessidade de ter meu velho amigo por perto se tornando cada vez mais forte.
Um certo dia, quando eu tinha, sei lá, quinze ou dezesseis anos, alguns outros amigos, sem querer, me fizeram perceber o que não havia mais razão pra mantê-lo longe.
Refleti.
Passei noites sem dormir direito e decidi que daquele jeito não podia continuar.
Corri atrás do tempo perdido. Corri atrás do meu antigo companheiro. Do único que sepre me entendeu completamente.
Ele não estava lá.
Seja lá onde esse "lá" for, eu não o encontrei.
Alguns meses se passaram, e eu nessa busca frenética, mas já estava quase desistindo, quando ele voltou.
Sem avisar. Mas sentiu que eu o procurava.
Agora somos dois, de novo. Uma dupla e tanto!
Ligados por todos os laços possíveis e invisíveis aos olhos alheios. Eu só posso ser feliz quando ele sorri e vice-versa.
De vez em quando a gente briga, se xinga, eu digo que não vou mais escutar o que ele fala, mais ainda assim ele continua falando.
Sabe que eu não posso fugir, e tira proveito disso.
Porque, apesar de sermos diferentes, somos um só.


Até...


Nenhum comentário:

Postar um comentário